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Descalço ou de tênis? Qual a melhor opção para treinar?



Essa tem sido uma pergunta muito comum nesse período de isolamento social onde o pessoal tem treinado em suas residências.


Para respondermos essa pergunta é necessário observarmos diversos fatores, destacando entre eles a individualidade biológica de cada um assim como a existência ou não de uma lesão pré existente.


Ambas as formas são indicadas para treinar, porém, acho importante elencar os benefícios que o treino descalço pode proporcionar, inclusive na própria prevenção de possíveis lesões.


Os seres humanos são adaptados para caminhar e correr descalços, afinal, ninguém nasce de tênis, correto? O grande problema é que desde pequenos somos condicionados e acostumados a andarmos calçados, e em consequência disso, perdemos essa adaptação.


Com o advento da tecnologia e dos mais variados modelos de tênis a prática de ficar e/ou treinar descalço ficou ainda mais deixada de lado, e se pensarmos de acordo com a lei do uso e desuso, uma vez que os músculos, ligamentos e tendões dos pés não estão sendo utilizados da maneira adequada, eles ficam fracos e perdem parte da sua capacidade funcional, ou seja, o tênis acaba atuando como uma “muleta” para os pés, atribuindo a esse objeto todas as funções primordiais a quais os pés foram projetados para exercer, podendo resultar em dores nos pés, tornozelos, joelhos, desajustes posturais entre outras condições.


O simples fato de ficar descalço e realizar uma atividade é um método efetivo de adquirir diversos benefícios, como por exemplo:


- Fortalecimento da musculatura dos pés;

- Aprimora a consciência corporal e a propriocepção (A propriocepção ativa reflexos e ajuda o sistema nervoso central a tomar decisões para aumentar a estabilidade e evitar lesões);

- Aumenta a mobilidade da articulação do tornozelo;

- Auxilia na postura;

- Melhora o equilíbrio e a estabilidade;

- Aprimora os padrões de movimentos diminuindo o risco de lesões e dores articulares nos próprios pés e articulações adjacentes;

- Melhora a coordenação motora e o movimento da corrida;

- Auxilia na prevenção e tratamento de lesões relacionadas à corrida, como por exemplo, a fasceíte plantar e a canelite.


Isso ocorre devido ao fato de que a planta do pé possui uma grande quantidade de receptores proprioceptivos que captam e enviam para o cérebro informações sensoriais do ambiente e do nosso corpo, como por exemplo, características do solo: tipo de terreno, temperatura, irregularidade e a presença de objetos potencialmente perigosos, a distribuição do peso do corpo para cada dimídio corporal, a postura em cada momento, entre diversas outras. Quanto maior a quantidade de informação melhor será sua capacidade funcional.


Então, vamos ser radicais e deixarmos de lado os tênis e treinarmos sempre descalços? ÓBVIO QUE NÃO. Lembra quando eu disse que diversos fatores deveriam ser observados? Os tênis possuem sim seus benefícios e não deixam de serem necessários.


Cito três benefícios que o tênis nos oferece, principalmente nesse período onde nossos pés encontram-se destreinados e pouco fortalecidos. São eles:


- Proteção (contra possíveis acidentes e trauma diretos como a queda de um haltere ou anilha, cortes e perfurações);

- Estabilidade;

- Absorção de impacto (Os amortecedores tendem a minimizar a sobrecarga nas articulações).


Começar a utilizar tênis ou calçados neutros, mais minimalistas, que não restrinjam tanto os dedos e que permitam a utilização da movimentação dos dedos e dos arcos plantares é um bom começo para que os pés voltem a recuperar sua funcionalidade.


Como toda musculatura, os músculos dos pés também necessitam serem treinados, de forma gradativa e progressiva. É necessário um trabalho de adaptação e preparação, preferencialmente sob a supervisão de um profissional qualificado, podendo ser fisioterapeuta ou profissional de educação física.


Em atividades externas, esteiras ou correr por longas distâncias descalço não é simples nem indicado para quem não está treinado, afinal, exige uma preparação cuidadosa e gradativa. Use o tênis.


Iniciar o treinamento do pé ficando descalço pode ser feito com atitudes bem simples. Atividades físicas como alongamentos, treinamento leve ou moderado ou sempre que for apenas se movimentar, é um ótimo começo. Movimente-se e permita que seus pés façam seu trabalho, afinal, treinar seus pés é tão importante quanto treinar o seu corpo.


Vale lembrar que a preferência pessoal também deve ser levada em consideração, afinal, algumas pessoas se sentem desconfortáveis ao estarem descalças, então, essa também é uma adaptação a ser adquirida gradativamente.


Por isso não existe uma forma correta de treinar e sim o que pode ser indicado ou contra indicado para cada pessoa.


Sugiro que se você já apresentou ou apresenta lesões associadas aos pés e membros inferiores, antes de iniciar o treino descalço, procure um profissional qualificado para que esse possa avaliá-lo e orientá-lo como proceder e traçando assim, sua conduta de tratamento e programa de treinamento. Evite atividades que apresentem impacto com o solo, por exemplo: polichinelos, saltos em geral, pular corda e correr.


Caso você nunca tenha apresentado nenhum tipo de lesão aproveite esse período em casa, onde a segurança e a possibilidade de minimizar riscos são maiores e se permita a usufruir desse treinamento. Lembrando que nesse caso, também é imprescindível ter a orientação de um profissional qualificado orientando seu treinamento.


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